A hora do Granulokine

O corpo fica completamente cansado no período da quimioterapia – um cansaço difuso e ao mesmo tempo muito presente, muito nítido. Pode ser uma fantasia, mas me ocorre a ideia de que a exaustão vem das células lutando para filtrar e eliminar a toxicidade dos medicamentos. Daqui a poucos dias o cansaço melhora – como terminei ontem os quatro dias da quimio, mais uns três dias de moleza e a sensação diminui muito.

Mas começou hoje o ciclo de Granulokines, nome comercial da Filgrastima, com a sigla G-CSF. São injeções administradas basicamente para evitar a neutropenia, a queda dos glóbulos brancos no sangue que é consequência direta da quimio. O G-CSF é uma proteína para estimular o crescimento do número de leucócitos e, portanto, não deixar o organismo sucumbir a uma infecção. Vou copiar aqui o que diz a bula: Filgrastima é uma proteína altamente purificada, não-glicosada, contendo 175 aminoácidos (…) produzida em uma cepa de laboratório de Eswcherichia coli manipulada geneticamente mediante a inclusão de um gene para o fator estimulador de colônias de granulócitos.

Achei bonito, isso.  O medicamento foi descoberto nos anos 80. Acho que, muito rasteiramente, é uma falsa ameaça que produz uma reação real no corpo, subindo as defesas. Tá certo isso, produção?

A aplicação é subcutânea, indolor, na barriga, por um número x de dias consecutivos – que varia, imagino, conforme o caso. Para mim, são dez. Como efeitos colaterais, a lista das possibilidades vai desde dores musculares a mal estar geral – eu costumo sentir uma tonteirinha permanente, que não atrapalha muito mas que me impede de dirigir, por exemplo. E mais nada.

Também estimula a produção das famosas células-tronco no sangue – por isso, antes da internação, vou passar por uma aplicação intensiva. Haja tontura.